terça-feira, dezembro 30, 2003

O Fim

As ultimas palavras que ele me disse ficam circulando em meu pensamento e de lá correm o meu corpo me deixando toda contraída. não consigo esquecer aquelas palavras. tudo que eu pensei que fosse verdade, tudo que pensei que tínhamos construído se desmoronou num único instante, em poucas palavras, silabas, letras..em menos de um minuto.

A minha dor e daquelas que ficam como um zumbido no ouvido e que de repente faz aquela lagrima incontrolável correr meu rosto em silencio.

Eu não tinha outra sadia. a hipocrisia seria a pior maneira de continuar aquela situação. viver de pequenos alívios, pequenas ilusões de felicidade.

Mas eu tenho mais forca hoje. sou mais eu. não queria mais um fantasma rondado minha vida, me enchendo de expectativas. não queria aquela esperança tola de que algum dia ele iria bater a minha porta e me dar aquele abraço confortante.

Desta vez eu não quis ir ate a ultima ponta. Meu limite foi o ponto onde minha dignidade ainda poderia ser preservada. dali em diante eu só iria me machucar ainda mais com os carinhos que ele não me da, com o amor que ele não demonstra por simplesmente não sentir. dali em diante eu só iria me sentir mais vazia a cada manha ao despertar depois de um sexo sem sentimento.

foi melhor assim.
assim eu não deixo meu coração secar de tanto se machucar. assim eu ainda posso acreditar.

segunda-feira, dezembro 29, 2003

Cruel truth

I prefer to live because I still love you
I think this is the best opcion
Why?
Cause I can't love you when I can't love who I am
I don't know what I'm doing right now
So I can't love anyone else...

segunda-feira, dezembro 22, 2003

Viva a sociedade alternativa

Interessante a situação que eu estou vivendo no momento morando numa comunidade alternativa em plena terra do tio Sam.. olha como são as coisas..logo nos Estados Unidos eu fui encontrar um lugar desses. Outro dia eu estava trabalhando na cozinha comunitária e me veio a cabeça como seria uma idéia muito interessante para o desenvolvimento do interior do Brasil.
Tudo cresce em terras brasileiras, tudo. Somos tão férteis, tão vivos. Por que tanta pobreza? O.k., tem a história de concentração de renda e tal. Mas eu acho que no fundo o brasileiro não sabe é se organizar. Talvez nós sejamos muito criativos mais criatividade não é só ter boas idéias, é tb saber viabilizá-las.
O americano é bom nisso pra caramba, ele sabe ganhar dinheiro. Rowe Conference Center significa um grupo de pessoas com pensamento comunitário que resolveu viver junto e ganhar dinheiro junto. A comunidade está situada nas montanhas de Massashusetts, um lugar de natureza exuberante. Existem habitações para os que moram aqui e existem quartos de hospedes para os que visitam o local durante as conferências que são realizadas no centro de convenções criado no campus da comunidade. Ou seja, a renda das conferências sustenta a comunidade. São workshops sobre artes e filosofia. Existe um grupo de voluntários (eu sou um deles) que participa da vida comunitária por um tempo e ajuda na manutenção do centro. Em troca, ganha a oportunidade de participar gratuitamente de todas as conferências que aqui são realizadas.
O nome desta história se chama "Intencional Comunnity". Ao todo são mais de 100 na região de New England. Cada uma com o seu jeito de fazer dinheiro. Pode ser um bonito hotel, agricultura, cursos de culinária, yoga, artes..
Eu traduziria para Comunidades Vocacionais. Um grupo de pessoas com vocação para arte ou o que seja, decide viver em comunidade e reunir forças para, em conjunto, se auto-sustentar.
Não seria uma boa idéia para o desenvolvimento do interior do brasil? Pescadores, agricultores, carpinteiros, rendadeiras...gente que tem algo em comum. Assim este povo reuniria competências para enfrentar o grande mercado. Para que ir para a cidade grande em busca de um trabalho que lhes tira a dignidade e viver empilhado numa favela?
Eu acho que seria uma boa alternativa...

quinta-feira, dezembro 18, 2003

O Batuque do Bronx

Este fim de semana foi sensacional. Ubaka veio do Bronx promover um workshop sobre percussão. Um grupo de mais de 30 pessoas veio atrás carregando seus respectivos tambores. A afro americana transmitiu seus conhecimentos sobre a arte da batucada e eu me senti em casa. suei em plena tempestade de neve. foi ótimo!

Despedidas

mais um grupo de amigos indo embora...fizemos uma despedida super legal. existe uma tradição aqui em Rowe: toda vez que alguém vai embora separamos um tempinho para apreciá-las. eu as aprecio muito.
Tim e Tina formam o casal mais afetuoso que eu conheci nos Estados Unidos. enquanto os outros estão receosos em demonstrar afeição em público, Tim e Tina compartilham com todos a sua volta o amor que sentem entre si. Ele toca violão para ela e ela canta para ele. os dois formam uma dupla linda, vibrante e cheia de luz. Margareth é um amor de pessoa. nos seus mais de trinta anos, ela tem as dúvidas que nós, na casa dos vinte, ainda temos. porém Margareth não tem aquela ansiedade toda...serena..serena..ela é super compreensiva. papo ótimo. Eva tem aquele senso de humor nova yorquino. sarcástica! cursou filosofia mas não se deixou dominar pela seriedade. é super espontânea e pra cima.
eles formam o grupo de jovens que eu mais me senti conectada aqui na terra do tio sam. talvez pela simplicidade, talvez pela humildade. gente do bem com quem eu finalmente troquei muito.

depois de viajar tanto eu já sei prever o futuro das relações que criei nas minhas caminhadas..já sinto saudades daqueles que nunca mais verei.

sábado, dezembro 06, 2003

eu quero escrever tanto. parece que agora que alcancei meu maior obstáculo, minha ferramenta, eu não consigo fazer com que meu pensamento se transforme em palavras. preciso encontrar um ponto de partida. eu cheguei tão longe comprando este lap top que nunca conseguiria comprar no Brasil. acho que precisaria de anos e anos de trabalho duro para conseguir pagar minhas contas, me divertir e ainda juntar dinheiro suficiente para comprar.
depois de tanta expectativa e ralação eu comprei o tão desejando computador. até me senti mal de desejar tão profundamente um bem material. um objeto. mas é que, na verdade, este materialismo alcançaria algo muito importante.

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Rowe Conference Center



No pacote Rowe veio muita coisa boa..comida saudável, natureza impressionante, lugar aconchegante, pessoas interessantes, experiência profissional, pessoal...mais obviamente alguma coisa tinha que ser lado B.

eu sabia que esta coisa de viver em comunidade é muito bacana, desperta uma curiosidade. Eu que já morei neste esquema em Kibutz e lá na Ilha da gigóia sei muito bem que não é tão paz e amor assim. rola muito atrito porque simplesmente a gente vê mais a cara do outro.
mais o lance aqui não é nem esse. eu simplesmente desligo quando não quero interagir e não me sinto nem um pouco encucada com isso. desligo o áudio e fico no mute total. ainda mais porque falo inglês constantemente e isso as vezes cansa. eu sei ficar comigo enquanto estou com outras pessoas. acho que adquiri isso depois de tanto viajar especialmente quando viajo só e interajo muito com gente momentânea.
o lance é que americano se amarra numa terapia de grupo. eu já saquei qual é: quando vc fala, coloca para fora, coisas que te afligem no momento, problemas que te deixam deprimido e tal, aquilo se torna menor. parece que dá um alívio. e alivia mesmo...essa coisa de grupo simplesmente ajuda porque vc minimiza seus problemas expressando-os para outras pessoas. vc relativiza seu problema ao realizar que as outras pessoas tb têm problemas...
mais isso na verdade não resolve problema nenhum! por mais que vc sinta um alívio, o problema ainda esta aí. guardadinho. falar dele com outras pessoas não significa resolve-lo. na verdade vc só fica aporrinhando os outros com coisas que deveriam ser de ordem pessoal! e todo mundo olha pra cara da pessoa e diz: oh...I'm sorry..I'm really sorry.
Haja paciência pra isso!

quarta-feira, dezembro 03, 2003

A Neve e a Jacusi

Numa outra dimensão...Rowe

Eu tinha certeza que iria voltar. certeza. quando vim aqui para assistir a conferência do Giordando eu saquei logo que voltaria. uma comunidade onde moram em média 20 pessoas, nas montanhas do Estado de Massashusetts. uma fazenda com a mesma estrutura de um kibutz: existem tarefas a serem cumpridas por todos aqueles que moram na comunidade. isto significa trabalhar na grande cozinha, na organização e limpeza e no office. o office é responsável pelo ganha pão de todos aqui. este lugar vive de organizar e hospedar conferências normalmente relacionados `a arte, música, filosofia e comida...comida aqui é tudo. tudo é orgânico, muitos são sérios vegetarianos (eu não cai nessa não!). o lugar é super aconchegante e instiga a criatividade. eu fiquei encantada com o Art Room! um galpão enorme cheio de objetos, ferramentas..tudo que se possa imaginar para pintar, esculpir, fazer brincos, colares, colagem...sensacional. descobri tb o basement do dinner room. lá tem todos os acessórios para um office torto.. uma mesa de madeira enorme onde tem cabos para conectar internet. decretei meu.


ontem foi um dia tão bom...
Passamos a tarde decorando o living room para a despedida de umas das família. eles seguem rumo ao Colorado. é interessante o fato de eu já ter ido até lá, atravessado o país. eu conheci muitas coisas nesta terra. ontem eu estava ajudando a decorar o espaço, ativando minha criatividade e fiquei muito impressionada com as coisas que posso inventar. o interessante é que eu não tinha a mínima idéia de quem eram as pessoas que iriam partir. eu fiquei muito intrigada ao perceber que estava dando de mim para gente que eu nem conhecia e fiquei feliz ao sacar que eles é que estavam me dando pois esta despedida foi como um pretexto para eu sentar e criar coisas lindas. o living room ficou lindo, lindo mesmo. quando eu entrei depois de algumas horas, as luzes estavam todas acesas e toda a decoração reluzia. quando a família entrou na sala cada um segurava um instrumento e começamos a tocar..tocar..foi muito bacana.

choque térmico

no meio da festa fui convocada a ir para a jacusi. fiquei meio sem jeito porque eu não estava sacando como isso iria acontecer e meu receio foi confirmado. ao chegar lá percebi que a jacusi ficava ao ar livre! o frio aqui é terrível! a atmosfera é branca branca..tudo é neve. todos tiraram a roupa e nus começaram a entrar na água quente. eu fiquei meio sem jeito... e só de olhar a neve em volta me veio um pânico: vou tirar a minha roupa toda e cair nesta jacusi ao ar livre! parecia muita maluquice! mas eu fui...e não me arrependi. lá estava eu, nua, dentro de uma grande banheira de água pelando bebendo vinho e me divertindo com as pessoas mais inesperadas.

Rowe é muito único..eu nunca ouvi falar de um lugar assim.

terça-feira, dezembro 02, 2003

Dias Prateados

Branquinha branquinha. A neve é uma gracinha. Foi a primeira vez que vi a neve. Estamos em Rochester, próximo ao Canadá.

Vida Muderna


Qual é a primeira palavra?

A primeira palavra depois de um longo tempo de expectativas. Tem que ser uma palavra que sintetize num só respiro todas as sensações que experimentei nesta jornada.

Eu na verdade queria escrever sobre as tantas coisas que vejo e sinto. Tento começar mas a impressão que tenho é que toda palavra se torna superficial quando impressa na tela. Parece que toda e nenhuma palavra não consegue expressar minha satisfação de conseguir chegar aonde cheguei. Na verdade eu não cheguei em lugar nenhum eu simplesmente alcancei mais um patamar e logo vou desejar mais e mais e todo este querer e toda esta busca, este esforço, vai virar passado.

Ele disse: comece escrevendo a verdade.

Eu não sei se vou conseguir.
Não sei.
O que sei é que eu vou tentar.


Abro meu querido lap top já no trem. Obviamente sai correndo pelas ruas do Village atras de um taxi. Um ser humano me perguntou qual era meu destino. Aliviado, entrou no meu taxi e juntos seguimos para a Pen Station.

O trem esta lotado!

segunda-feira, novembro 17, 2003

Thompson st

so em NYC

já se foi 1 mês....

outra noite fui ao supermercado da esquina `as 2 da manha. este mercado 'e muito engraçado. cada corredor de prateleiras se refere `a uma rua do village. 'e o único mercado que eu conheço que toca jazz. naquela noite era possível escutar mais do que jazz. na fila do caixa eu prestava atenção na funcionaria sonolenta. Meu ouvido estava confuso. se eu chegasse um pouquinho pra frente eu reconhecia a salsa cubana..um pouquinho pra atrás .. a voz de Nina Simone.
não 'e incrível. a salsa da plebe nova yorquina que trabalha madrugada a dentro misturada com a sofisticação do jazz. so em Nova York acontecem estas coisas...

sexta-feira, outubro 17, 2003

Muchas Cervezas

yeah dude

ontem foi um dia daqueles...
fui trabalhar e as 10 da noite já não havia ninguém no restaurante. o garçom albanês entrou numa de me dar drinks. o dono não estava lá, nem a mamadona. uma beleza.
as dez da noite, o restaurante vazio, eu, o albanês e o camareiro mexicano bebendo no bar. arrastamos as mesas e daqui a pouco estávamos todos bailando numa grande pista de dança. os mexicanos saíram da cozinha e surpresos perceberam a farra no salão. sentaram no bar e o albanês já foi trazendo cervezas...
3 horas depois, bêbada, estava eu subindo 6 lances de escada para depois mergulhar na cama.


sexta-feira, outubro 10, 2003

La Putanesca

La putanesca
o garçom fala uma língua estranha com a mamadona. albanês. o outro e de kosovo e me explica que tb se considera albanes porque kosovo, Iugoslávia, tcheco Eslováquia e tarara. o camareiro e húngaro. quando chego na cozinha escuto espanhol. o cozinheiro e equatoriano e se chama Miguel. ele me apresenta seus assistentes. mexicanos. a nova
bartender é loiríssima e tem olhos azuis. e da Rússia. trabalho num restaurante italiano. de italiano só La putanesca, um
dos aperitivos do menu.

a máfia albanesa chegou em Nova York junto com a russa e simplesmente tomou o espaço da máfia italiana criando restaurantes de culinária...albanesa? não, italiana. servem como fachadas de negócios escusos que a minha curiosidade de jornalista, fresquinha, fresquinha, quer investigar mas que a minha sanidade, ainda que pouca, não me deixa ousar em tentar.

o pirado do metro

o metro em Nova York já e um grande evento. outro dia estava eu sentada praticando meu subwayspanhish lendo todos os avisos de perigo escritos em espanhol quando um carinha entrou numa de não sair da porta do vagão...stay clear of the closing doors please...o cara continuava na porta e o negão a sua frente começou a reclamar.
get out of the fucking door man! o ser humano se descontrolou e de repente o condutor do vagão estava aos berros com o pirado dizendo que ia chamar a policia. meia hora se passou e o negão já estava junto com o condutor e todo o metro pulando em cima do pirado. um grupo de estudantes de cinema da universidade de nova york surgiu do nada (do nada!) com câmeras a postos e um grande espetáculo se formou. ficamos parados 40 min quando a policia chegou e colocou ordem no recinto. eu sento novamente e duas mulheres a minha frente me perguntam: que paso?

ilegal world

Ao lado do restaurante albanes, ou seja, italiano, existe um café também italiano (o dono 'e legitimo) onde trabalhei por um único fim de semana. fiquei sabendo do trabalho através do garçom de outro restaurante italiano (será albanes?) onde comi um delicioso almoço depois de dias subindo 6 lances de escada (moro no sexto andar de um prédio sem elevador) com apenas um bagel no estômago. o milagre do cartão de credito do papai... a paulista do café simplesmente foi com a minha cara e me contratou. Rita veio aos estados Unidos na cara e na coragem, sem uma palavra de inglês no bolso. começou lavando pratos e assim ficou por 5 meses. a mulher, esperta pra caramba, pegou o inglês na raça e dai começou a atender mesas. hoje e gerente deste café. junto com ela trabalham um mineiro que já rodou tudo quanto e cozinha neste pais, um polonês pintoso pintoso, uma turca com um nome engraçadíssimo, gul, e claro, mexicanos na cozinha. todos são completamente inexistentes nesta sociedade.

On Line

Quando quero conexão e um amigo vou ao Internet café na la guardia
para encontrar ziv, um israelense gente boa que finge falar inglês
atras do balcão. quando quero conexão, um sofá e um capuccino vou
no esperanto café, onde tb existe um israelense de cabelos
encaracolados atras do balcão. quando quero conexão e cerveja vou
no happy hour do puzzi cat, onde não tem um israelense no balcão
mais tem cerveja por 2 dólares e Internet de graça.
tem tb conexão e musica chinesa. os chineses são impressionantes.
trabalham horas e horas por dia sempre com aquela cara de quem se
faz de desentendido mais que entende muito bem de fazer dinheiro.
na greenwich ave tem conexão e curry. indianos fedem curry.
e tem ainda conexão e abraço na casa da Michel, onde posso fumar
cigarros por 2 dólares o pacote. eles vem das reservas indígenas,
não têm impostos.

segunda-feira, setembro 22, 2003

A Better day

This silence is kiling me. a silence that makes the air heavy. heavy silence. I don't know what to say. If I knew, I wouldn't know how to begin. See the time running bring me the pain of tomorow. He will close the door and I will want to kill myself for not saying what I didn't know to say.

What a crazy feelings!

he is reading something irrelevant and his eyes keep scaping from me. what is going to happen now? should I read this for him or choose the easy-heavy silence?
is this silence the best answer? maybe there is nothing to say at all. our soul must suffer and wait for a better day.

sábado, setembro 20, 2003

To be or no to be

Eis a questao...


que eu tenho que escrever? sobre sábado a noite num
apartamento em Nova York? sobre ele fechando a porta e eu vazia na
sala esperando a hora para fumar um cigarro. sobre as coisas que
vejo andando na rua e as coisas sinto entre os amigos dele? sobre
as coisas que ouço mais não me conecto? sobre a duvida da língua e
a linguagem?

2B or not to be...

um apartamento micro com um sofá cor terra que dominava todo o
ambiente. eu afobada corro as escadas abaixo a respirar um cigarro.
volto afobada preocupada com o numero do apartamento e, parada
diante do sofá cheio, pergunto tímida a referencia do local.
ele cantante responde com o som de um violão.

quarta-feira, setembro 17, 2003

Angústia

Angustia

Porque sinto tanta angustia?
será que isso e a minha cruz?
será que posso transformar isso em algo bom, produtivo?
ou carregarei minha angustia em minhas costas, sempre me puxando
para traz?
como faço para aliviar a minha dor?
estou condenada a eterna psicanálise?
existe cura para a dor de viver?
qual e ??
eu não sei se existe cura para esta doença. será uma isso uma
doença?
quando sinto dor, algo se comprime dentro de mim. sinto todos os
meus órgãos comprimidos, encolhidos. meu sangue circula mais
pesado, devagar, carregado.
o que eu preciso para aliviar esta dor?
musica
dança
amor
serão apenas pequenos pretextos. pequenos truques para a
autoenganacao?
a esperança de um novo dia. um dia bonito, colorido, quando então
posso esquecer minha angustia.
mas ela sempre me ganha. sempre volta.
será que outros também sentem a dor?
sinto dor quando não sei quem sou
alguém sabe? alguém se conhece profundamente?
o profundo e muito chato
existem pessoas que fazem e existem pessoas que sentem
existe um meio termo? como?
dançando
amando
e sentindo a dor?
como se faz este equilíbrio?
algum dia eu saberei?
o que preciso para saber?
testar
experimentar
melhor fazer e se arrepender do que não fazer e se corroer não e?
seria melhor se não tivesse feito
o feito me trouxe novos questionamentos
novas sensações
outros limites a serem conhecidos
e ai? lidar com isso me traz desespero
vontade de chorar e vomitar
angustia
sempre preciso de ajuda. não sei ser sozinha.
por que! alguém sabe?

quinta-feira, setembro 11, 2003

11/09/2003

11 de setembro em Nova York,


Não foi por confidencia que a conferencia promovida pela radio progressista de Nova York, WBAI, que reuniu a esquerda Nova Yorkina na noite de 11 de setembro para pensar os atentados de 2 anos atras, foi realizada em uma Igreja Batista. Fe e o que se vê em Nova York.

Ao contrario do interior do pais onde a fúria promovida pelo patriotismo acumula bandeiras expostas em todas, todas, as casas das pequenas cidades do continente americano.

Com certo alivio percebi a existência de pessoas que não sucumbiram a fúria e resolveram se encontrar para, de outra maneira, avaliar as causas dos atentados as torres gêmeas e ainda as justificativas que o Presidente George W. Bush utilizou para desencadear a guerra contra o Iraque. debates e documentários serão exibidos ate domingo dia 14.

Num primeiro momento o evento se concentrou naqueles que perderam parentes e amigos na queda do World Trade Center. O documentário 9/11, Memorial at Ground Zero, mostrou a indignação das famílias diante da atitude da prefeitura de Nova York em construir um novo complexo empresarial, negando a promessa de construção de um Memorial aos mortos no atentado. De fato ha um grande esforço do governo local em revitalizar a área e vários projetos estão sendo analisados. O grande medo daqueles que estavam na platéia era a possibilidade da construção de um Shopping Center no local.

Em seguida veio a busca por respostas a questões ainda não esclarecidas. O documentário produzido pelo jornalista Barrie Zwicker da TV Canadense Vision TV, se propôs a investigar todos as possíveis causas do atentado. Zwicker sugere que os fatos, assim como são veiculados na mídia, não são exatamente verossímeis e sim criados pelos governos interessados em arranjar justificativas para desencadear guerras, envolvidos em seus próprios interesses e acobertados pela grande mídia. O jornalista recapitulou a historia trazendo as razoes que geraram a guerra do Vietnã e do Golfo. Ele induz a platéia a pensar que os atentados as torres gêmeas eram do conhecimento do governo Bush pois, através documentos e uma grande pesquisa, Zwicker provou que mesmo a incompetência não justificaria o ocorrido.

Na mesma linha seguiu o palestrante Danny Schechter. "Mídia 'e o problema central" diz o jornalista. Para ele, veterano de empresas como CNN e ABC News, "quando as respostas começam a nascer, as câmeras desligam." Schechter acredita que a mídia comercial não esta disposta a trazer a verdade pois esta não 'e conveniente para os empresários que controlam as grandes corporações de comunicação. Criticando o comportamento patriota da classe media americana, o jornalista diz que esta tem medo de buscar a verdade pois não saberia como agir diante dela por isso prefere vestir a camisa do governo acumulando rancor e desejando vingança contra o inimigo. Ele faz um apelo a plateia: "nos estamos no mesmo local em que Martin Luther King, ha 30 anos atras, questionou os motivos que levaram a guerra do Vietnã, não vamos descansar em questionar a realidade que nos e apresentada. este 'e o dever da mídia independente e alternativa". O jornalista terminou o seu discurso criticando a política estrangeira de Bush: " brigar por mídia e democracia 'e brigar por diversidade de ideais e pensamentos."

O debate de 11 de setembro terminou com o discurso emocionado e bastante aplaudido de Cynthia Ann Mckinney. Afro Americana eleita pela Giorgia, foi um dos poucos membros do Congresso Americano a não assinar o termo de concordância da Guerra contra o Iraque. Hoje ativista política, Cynthia provoca a administração de Bush: "o que o governo sabia e quando tomou conhecimento dos atentados de 11 de setembro? quem mais sabia? e porque não revelaram a população inocente?
Estas são as perguntas que ainda estão no ar. Poucos são aqueles que estão dispostos a buscar as respostas. Nas ruas de Nova York, mensagens de paz e cartazes tomam muros de todos os bairros da cidade. Manifestações por toda parte. As preliminares das eleições de 2004 já começaram. Resta saber se as duvidas serão realmente esclarecidas. Agora, representam um prato cheio para os democratas.

quinta-feira, setembro 04, 2003

Fora do círculo

capitulo 3: o ceu do colorado


Denver 'e uma cidade interessante. muitos universitários por aqui o que se reflete no transito, um inferno! muita agressividade.
Fomos ver um concerto num lugar sensacional. Red Rocks, um anfiteatro construído entre montanhas rochosas de milhões e milhões de anos atras. o lugar já é um espetáculo porque as pedras são onipresentes. vermelhas, enormes... e o pano de fundo: a cidade..o céu 'e lindo em Denver. por causa da altitude, parece que estamos mais próximos das nuvens.
o Show foi muito bom, Ben Harper. eu curto mas, na verdade, gostaria que fosse um show que eu realmente quisesse ver. no dia interior foi a vez do Radiohead! ai ai...tava esgotado já há semanas.....

Próximo a Denver fica Boulder, uma cidadezinha muito maneira no pé das montanhas. lá 'e possível ver americanos budistas, lojas de roupas indianas, gente meio riponga. No domingo artistas de rua tomam o centro de Boulder fazendo performances, tipo aqueles caras que chamam atenção nas ruas do centro do Rio e logo uma grande roda de curiosos se forma.

De Boulder 'e possível chegar ate o Parque nacional Rocky Mountains. o parque 'e extremamente organizadinho. vc tem que passar pela guarda florestal, planejar sua escalada, quantas horas quer caminhar e quantos dias quer ficar. o cara estabelece um roteiro de viagem que deve ser seguido porque ele 'e que agenda o lugar de acampar.
a caminhada foi sinistra! caminhamos ao todo 8 milhas, subindo e carregando comida para três dias. fiquei muito impressionada com a Natureza. um lugar lindíssimo, com lagos de água verde. e tinha os ursos também! a comida tinha que ficar longe da barraca, numa caixa de metal chamada Bearbox, para que ele não conseguisse cheirar nada. Pois bem, uma cetra noite choveu pra caramba. uma tempestade de raios e trovões que deu ate em granizo.

depois de 3 dias de caminhada, fomos a um churrasco na casa de uns amigos que, por concidência, estavam na Guatemala. a casa estava lotada de gente jovem falando de coisas que eu muitas vezes não tinha referencia alguma. fiquei conversando com um cara que estava estudando na faculdade raribô de Boulder. ele fazia o curso de religião, em especial algo chinês. um cara que nunca saiu dos EUA. fiquei conversando horas com ele.....um barbudo engraçado.

o churrasco: hambúrguer, salsicha, milho na brasa....isso ai.

no meio da festinha todo mundo já estava mais pra lá do que pra ca e alguém resolver jogar cartas...um jogo chamado assohle! pra quem não sabe o significado: babacão!

pois e...estava eu, num churrasco de hambúrguer, jogando assohle..

pensei naquela atividade de Chazit: se vc tivesse que se identificar como um ponto nesta folha onde esta desenhado um circulo que significa todos que aqui estão, aonde vc se encaixaria?



para não ficar fora do circulo eu fiz um esforço sobrenatural para participar do jogo e entender as regras em inglês de bêbado. um jogo que se chama assohle não deve ser muito complexo.

o povo que estava no churrasco era muito engraçado. falava de coisas não muito universais (tirando o barbudo) e sim de coisas que tangem a realidade dele. mais eu me diverti muito.
no final da festa, os remanescentes estavam dentro de uma jacusi, no quintal da casa, o que foi ótimo! e eu me desliguei totalmente. a água quente me relaxou totalmente

A road trip terminou...estou em Rochester novamente...são 2h da manha e eu estou com uma insôooooonia....

terça-feira, agosto 26, 2003

Far west

capítulo 2: road trip to the far west!

Partimos sexta passada de Brockport e depois de algumas horas chegamos em Toledo. Dormimos naqueles motéis de beira de estrada americana e dividimos uma cama xexelenta tamanho king size.
no dia seguinte partimos novamente em direção a Chicago.

Chicago é uma cidade interessantíssima, pelo menos no verão. Nos hospedamos na casa de uma amigo, um DJ muito gente boa. O apartamento ficava perto de um dos greats lakes e por isso aproveitamos para ir à praia. isso mesmo, meu sonho de praia: areia porém água doce.

Descobri que o americano é muiiiiiito farofeiro! isopor, barraquinhas, crianças...barulho...nossa! parecia o piscinão de ramos. sem preconceitos claro, mais isso foi engraçado.
a noite saímos para jantar num restaurante tailandês...quando começou minha noite surreal.....

depois do jantar fomos tomar um drink num bar. pois bem, ironias a parte, o bar era de estilo árabe. arabão mesmo. com direito a Narguila (a 15 dólares, caros amigos!) musica árabe ao vivo e mais: uma dançarina!

uma dançarina que de árabe não tinha nada..mais parecia a Pamela Anderson de tão loura que era. E os peitos..meu deus! os peitos era superhipermegas! o bar estava lotado. interessante....essa coisa do americano de tornar qualquer coisa comercial. tipo taco bell... fast food mexicana. tudo pode ser produzido e consumido.

Depois do bar continuamos nossa noite penetrando numa festa de nativos. yeah, chicagoenses. a festa tinha gente de todos os gostos, tipos e nacionalidades. explorando o apartamento, que era bem charmoso, naqueles prédios que a escada fica do lado de fora, chego ate a cozinha e involuntariamente digo: hola! um negão rasta se vira e começa a falar espanhol comigo. quando pergunta de onde sou digo Brasil e ele feliz começa a falar em português. o cara era do Zimbaue. falava português porque tinha amigos em Angola. ficamos conversando um bom tempo e eu fiquei ruminando a idéia de estar de penetra numa festa que eu não tenho a mínima idéia de quem seja o anfitrião e encontrar um africano que fala 7 idiomas, um deles português, e ficar super feliz de poder falar a minha língua, mesmo que em outro sotaque, de bem longe por sinal, depois de 3 semanas pensando somente inglês!

no dia seguinte..continuamos nossa road trip com destino à uma cidadezinha no interior do estado de Missouri. depois de horas de paisagem plana com milhas e milhas de plantação de milho, nos hospedamos na casa de familiares dos meus guias. típica classe media americana habitante de um estado tipo Piauí. eles foram super atenciosos comigo, ficaram meio assustados com a menina brasileira presente na sala. estavam indignados com a temperatura, 100 F durante o dia! acho que são uns 35 graus celsos... reparei que em todos os estados, cidades e vilarejos existe uma equipada e consistente mídia de nível local. eles tem muitas rádios comunitárias, muitas TV locais, jornal local. o que eu acho super interessante e ao mesmo tempo preocupante. talvez seja por isso que estes missourenses não sabiam que o Brasil ficava na América do sul..

estou experimentando de tudo. uma vida no interior do estado de NY, depois uma road trip rumo ao oeste com direito a paradas que contribuem para a desconstrução desta imagem americanoide que eu tinha sem antes ter pisado nesta terra. estou observando a classe media americana. é ela que alimente a grande máquina. 

A grande maquina que torna este pais invejavelmente rico. porque se existe uma grande fatia de classe media, existe uma grande massa de contribuintes. são eles que consomem aos montes, são eles próprios que possibilitam a existência de financiamento universitário, o que significa educação. pessoas bem formadas conseguem subir mais a escada de classes sociais, ganham mais, consomem mais. aí está a máquina.

esta maquina não existe no Brasil porque simplesmente não existe classe media no Brasil. pobre não paga imposto e rico sonega.

enfim,

as vezes eu admiro os americanos, as vezes tenho raiva por serem tão egocêntricos, as vezes me sinto um peixe fora d’água. enfim, sentimentos mistos. sinto que toda a minha imagem americanoide esta sendo desconstruída. todos aqueles conceitos bobos juvenis anti imperialistas, versos minhas verdades helenísticas versos o egoísmo americano, versos a autenticidade brasileira, versos nossa musica...tudo num grande liqüidificador. não sei em que vai dar esta gororoba...


chegamos em nosso destino, Denver, no Estado do Colorado. Estou na Universidade de Denver, aquelas universidades com gramados na frente e prédios com estrutura solida que parecem transmitir consistência. daqui vamos para as montanhas....e este será o próximo capitulo!


sexta-feira, julho 25, 2003

Aventuras Klang Klang

aventuras Klang Klang no primerissimo mundo
capitulo 1: luz!









A experiência do apagão versão americana foi no mínimo interessante para mim, que estou numa cidadezinha do interior do Estado de NY.
Brockport nem cidade 'e. 'e apenas uma vila de estudantes, da Universidade Estadual de NY. Estou morando numa casinha, daquelas casinhas de filme americano de sessão da tarde, com um gramado na frente e aquela janela da cozinha que dá para o quintal. E assim são todas as casas desta rua, como todas as outras ruas desta vila.

Quando a luz acabou eu estava pintando uma parede. A parede de uma casa onde um novo estudante vai morar assim que o semestre de outono começar. estou fazendo o que eles chamam de summer jobs. bicos. trabalho 6 horas por dia, 5 dias por semana, e ganho mais que muito jornalista formado que nem eu ganha trabalhando 6 dias da semana, 9h por dia. eu apenas pinto paredes.

pois bem, eu estava pintando uma parede com meu cérebro completamente desligado quando, depois de algum tempo, percebi que a luz tinha apagado. Para mim foi algo normal, imagina..nada demais... isso acontece de vez em quando... energia...enfim..
quando alguém entrou pela porta falando: vc reparou!? a LUZ ACABOU! e eu senti um certo pânico nesta fala. esse alguém disse que isso nunca havia acontecido e eu, tão ingênua, achando que apagão tb acontecia no primeiríssimo mundo. ha!

Pensei comigo mesma: meu deus...será?
serão os fumantes putos da vida protestando contra a exclusão social em que foram condenados e reclamando da metanóia que reina contra Malboro nesta terra?
serão os obesos que existem aos montes por aqui frustados com as suas silhuetas desligando as luzes para que o mundo não os veja patéticos comendo quilos de junky food e litros de refrigerantes?
será o Bin Laden desligando as luz, preparando terreno..enfraquecendo a mídia..para um inesperado ataque!!!!

isso seria muito eficaz

imagine? cortam a energia, a mídia não consegue atualizar os fatos e construir a realidade! ninguém sabe o que se passa e de repente: BUM! um ataque terrorista!

ai!!! será? eu que não tenho nada a ver com isso, no meio deste povo, eu quero morrer numa batucada de bamba, na cadencia do samba..eu hein!

ligamos o radio. o pessoal do radio 'e que ficou contente..fizeram a festa da audiência. o Busha falava em rede nacional tentando tranqüilizar o povo. ele dizia que não era terrorismo. garantia que tudo estava sob controle e que eles iam resolver este problema. Niagara falls.

eu tola, achava que no primeiríssimo mundo essas coisas não aconteciam. alias, outro dia um Homeless, na cidade de Rochester, pedia esmola no sinal. ele segurava um pedaço de papelão onde estava escrito: hungry homeless....

igualzinho no...

a gente acha que essas coisas só acontecem com a gente...

ps: não perca os segundo capitulo das aventuras de Klang Klang no primeiríssimo mundo: road trip to the far west!

quarta-feira, julho 16, 2003

no sobe e desce da montanha russa...

Será que desisto de tudo? Superar limites é muito difícil. Talvez seja um desgaste muito grande... e desnecessário. Não tenho mais nada a dizer. Agora quero ouvir. Será que não disse o suficiente? Não se pode esperar por nada. O que se deve é respeitar os sentimentos. Somos humanos, não é isso? Nem tudo exige uma explicação. Fico tentando encontrar justificativas para este mal-entendido. Essa sensação de incompreensão. Daria tudo para freqüentar certos pensamentos alheios. Será que isso resolveria minha insegurança ou alimentaria meu sofrimento.
Sei que me sinto sozinha, com um desejo enrustido de gritar bem alto que não é nada disso. Que somos o que somos e pronto. E é por isso que eu quero. Respeito o seu jeito. Respeite o meu também.
Porque tenho a impressão de que empaquei. Não consigo avançar nesta relação. Há sempre um roda moinho que me leva para o mesmo ponto. Ou melhor, parece que há regressão. Como uma montanha russa, as vezes no alto, as vezes embaixo. Não há evolução.
Por que?
E sinto que queria dizer mais, ou dizer de outra maneira. Parece que sempre falta alguma coisa. Sabe quando vc fica com aquilo preso na garganta? Aquele sentimento de autocontrole involuntário, mas forte que a naturalidade de ser? É isso que sinto. Como se racionalizasse qualquer atitude e que por isso, as atitudes perdessem intensidade, porque não têm paixão, não são frutos de um desejo natural e sim premeditado. De ser aceitável, agradável, há todo instante.
Que besteira! Logo eu que sou tão isso e tão aquilo. Tenho a sensação de ser nada, vazio. Sem sal, tempero, sabor. Sem sedução nenhuma. Diante deste sentimento eu me rendo. Não sei me colocar e não sei o que fazer. Escolho o silêncio e mais uma vez roda o moinho.

segunda-feira, julho 14, 2003

Eu: Carlota?

Não me chamo Carlota. mas assim seria meu nome se minha mãe não tivesse a lucidez de convencer meu pai a desistir desta loucura.
as vezes penso como seria minha vida se meu nome não fosse o meu nome e sim Carlota.

Aliás, esta linha de pensamento vem me artomentando ultimamente. pois tenho vivo um momento limite da minha vida. não sei se decido pela direita ou esquerda, em cima ou embaixo, pra lá ou pra cá.
o que será se eu decidir pela esquerda? vou perder a direita, isso eu já sei mais confesso que demorei uns 4 anos de análise para realizar esta perda.

mas bancar um escolha é foda. para toda escolha corresponde um preço. os inconsequentes são iludidos.
sempre fui muito livre nas minha escolhas. não estava nem aí. e isto incluia a consequência desta escolha. porque depois que a merda já¡ tava feita, eu tinha que segurar a pose de mulher bem resolvida, que sabe dar a volta por cima. sempre preferi limpar a merda do que não experimentar meus desejos impulsivos. deu no que deu: sou teimosa e insolente.

e agora, uma mulher de 24 anos analisada por Lacan, um doido varrido, acho que sei criar consistência nas minhas decisões. mais o pior é que elas ficaram mais difíceis. fudeu. porque se antes eu não pensava e fazia, agora eu penso pra fazer. e tá demorando muito!

geminiana como eu não tô acostumada com este tempo de ação! porque o mundo é cheio de possibilidades. como eu disse, se eu não escolher a esquerda e preferir a direita, sou daquelas que sabe curtir a vida..e a direita pode se tornar super hiper interessante.
então eu me cobro. pensar, ruminar..ruminar é a palavra dois útimos tempos. que nem as vacas assustadoras de São João de Nepunucema....elas comem capim e digerem capim...o dia inteiro.

eu quero ir mais uma vez. mais uma vez quero fazer as malas e ir de encontro ao desconhecido. acho que tá ficando viciada nisso. adoro não saber o que vou fazer amanhã. minha preocupação passa a ser a curto prazo, vivendo um dia após o outro.... sem muito planejar, averiguar...roteiros...
mais uma vez estou apostando em algo novo. este é o grande dilema. porque eu não consigo traçar um rumo. sempre fico virando as esquinas, tipo gato que se distrai com um passarinho e já pula da janela do 6º andar. durante a queda sente a adrenalina e adora! mas já la embaixo, todo quebrado, pensa: se levantar vai se punk.

uma vez caí e demorei alguns muitos meses para levantar. Como diz a Fulana, minha analista, tempo cronológico só serve pra marcar dentista. esses muitos meses pareciam uma eternidade. todo dia era uma luta pra fazer coisas simples do tipo vestir uma roupa e ir até o boteco mais próximo pra comprar um malboro light maço, claro porque, a cada 10 maços economizamos 1 box! todo a decisão era muito complexa. depressão braba.
realizei todo a minha angustia depois de ver As Horas . Aquela mulher tentando fazer aquele bolo! a outra que não conseguia fazer uma festa. e a Virgínia...perfeita! aquele beijo na irmã, diante da criança. o outro que a mulher do bolo deu na amiga diante do próprio filho....me ajude! só vc, mulher, feminino ao extremo, pode me ajudar. sim, vc me entende. me ajude!

alguém me ajudou. alguém a quem eu deu este beijo de entrega. afeto.

e da merda mais uma vez eu ressurgi. confiante, bonita, poderosa. até quando isso dura?
subo mais um patamar e logo está o próximo degrau (acho que respondi a minha pergunta). uma escada contínua com patamares largos e muito degraus. lá no final a visto uma porta.
sempre subindo porque mesmo quando caí­mos aprendemos a subir com mais força. cada patamar, um desejo realizado. quando alcançamos algum já queremos outro e é por isso que estamos sempre subindo.

e a porta?
será a morte?
acho que sim. ela é a nossa única certeza. acho que demorei muito pra digerir isto também. a nossa única certeza na vida é a morte.
viver é desejar profundo.