segunda-feira, julho 14, 2003

Eu: Carlota?

Não me chamo Carlota. mas assim seria meu nome se minha mãe não tivesse a lucidez de convencer meu pai a desistir desta loucura.
as vezes penso como seria minha vida se meu nome não fosse o meu nome e sim Carlota.

Aliás, esta linha de pensamento vem me artomentando ultimamente. pois tenho vivo um momento limite da minha vida. não sei se decido pela direita ou esquerda, em cima ou embaixo, pra lá ou pra cá.
o que será se eu decidir pela esquerda? vou perder a direita, isso eu já sei mais confesso que demorei uns 4 anos de análise para realizar esta perda.

mas bancar um escolha é foda. para toda escolha corresponde um preço. os inconsequentes são iludidos.
sempre fui muito livre nas minha escolhas. não estava nem aí. e isto incluia a consequência desta escolha. porque depois que a merda já¡ tava feita, eu tinha que segurar a pose de mulher bem resolvida, que sabe dar a volta por cima. sempre preferi limpar a merda do que não experimentar meus desejos impulsivos. deu no que deu: sou teimosa e insolente.

e agora, uma mulher de 24 anos analisada por Lacan, um doido varrido, acho que sei criar consistência nas minhas decisões. mais o pior é que elas ficaram mais difíceis. fudeu. porque se antes eu não pensava e fazia, agora eu penso pra fazer. e tá demorando muito!

geminiana como eu não tô acostumada com este tempo de ação! porque o mundo é cheio de possibilidades. como eu disse, se eu não escolher a esquerda e preferir a direita, sou daquelas que sabe curtir a vida..e a direita pode se tornar super hiper interessante.
então eu me cobro. pensar, ruminar..ruminar é a palavra dois útimos tempos. que nem as vacas assustadoras de São João de Nepunucema....elas comem capim e digerem capim...o dia inteiro.

eu quero ir mais uma vez. mais uma vez quero fazer as malas e ir de encontro ao desconhecido. acho que tá ficando viciada nisso. adoro não saber o que vou fazer amanhã. minha preocupação passa a ser a curto prazo, vivendo um dia após o outro.... sem muito planejar, averiguar...roteiros...
mais uma vez estou apostando em algo novo. este é o grande dilema. porque eu não consigo traçar um rumo. sempre fico virando as esquinas, tipo gato que se distrai com um passarinho e já pula da janela do 6º andar. durante a queda sente a adrenalina e adora! mas já la embaixo, todo quebrado, pensa: se levantar vai se punk.

uma vez caí e demorei alguns muitos meses para levantar. Como diz a Fulana, minha analista, tempo cronológico só serve pra marcar dentista. esses muitos meses pareciam uma eternidade. todo dia era uma luta pra fazer coisas simples do tipo vestir uma roupa e ir até o boteco mais próximo pra comprar um malboro light maço, claro porque, a cada 10 maços economizamos 1 box! todo a decisão era muito complexa. depressão braba.
realizei todo a minha angustia depois de ver As Horas . Aquela mulher tentando fazer aquele bolo! a outra que não conseguia fazer uma festa. e a Virgínia...perfeita! aquele beijo na irmã, diante da criança. o outro que a mulher do bolo deu na amiga diante do próprio filho....me ajude! só vc, mulher, feminino ao extremo, pode me ajudar. sim, vc me entende. me ajude!

alguém me ajudou. alguém a quem eu deu este beijo de entrega. afeto.

e da merda mais uma vez eu ressurgi. confiante, bonita, poderosa. até quando isso dura?
subo mais um patamar e logo está o próximo degrau (acho que respondi a minha pergunta). uma escada contínua com patamares largos e muito degraus. lá no final a visto uma porta.
sempre subindo porque mesmo quando caí­mos aprendemos a subir com mais força. cada patamar, um desejo realizado. quando alcançamos algum já queremos outro e é por isso que estamos sempre subindo.

e a porta?
será a morte?
acho que sim. ela é a nossa única certeza. acho que demorei muito pra digerir isto também. a nossa única certeza na vida é a morte.
viver é desejar profundo.