sexta-feira, julho 25, 2003

Aventuras Klang Klang

aventuras Klang Klang no primerissimo mundo
capitulo 1: luz!









A experiência do apagão versão americana foi no mínimo interessante para mim, que estou numa cidadezinha do interior do Estado de NY.
Brockport nem cidade 'e. 'e apenas uma vila de estudantes, da Universidade Estadual de NY. Estou morando numa casinha, daquelas casinhas de filme americano de sessão da tarde, com um gramado na frente e aquela janela da cozinha que dá para o quintal. E assim são todas as casas desta rua, como todas as outras ruas desta vila.

Quando a luz acabou eu estava pintando uma parede. A parede de uma casa onde um novo estudante vai morar assim que o semestre de outono começar. estou fazendo o que eles chamam de summer jobs. bicos. trabalho 6 horas por dia, 5 dias por semana, e ganho mais que muito jornalista formado que nem eu ganha trabalhando 6 dias da semana, 9h por dia. eu apenas pinto paredes.

pois bem, eu estava pintando uma parede com meu cérebro completamente desligado quando, depois de algum tempo, percebi que a luz tinha apagado. Para mim foi algo normal, imagina..nada demais... isso acontece de vez em quando... energia...enfim..
quando alguém entrou pela porta falando: vc reparou!? a LUZ ACABOU! e eu senti um certo pânico nesta fala. esse alguém disse que isso nunca havia acontecido e eu, tão ingênua, achando que apagão tb acontecia no primeiríssimo mundo. ha!

Pensei comigo mesma: meu deus...será?
serão os fumantes putos da vida protestando contra a exclusão social em que foram condenados e reclamando da metanóia que reina contra Malboro nesta terra?
serão os obesos que existem aos montes por aqui frustados com as suas silhuetas desligando as luzes para que o mundo não os veja patéticos comendo quilos de junky food e litros de refrigerantes?
será o Bin Laden desligando as luz, preparando terreno..enfraquecendo a mídia..para um inesperado ataque!!!!

isso seria muito eficaz

imagine? cortam a energia, a mídia não consegue atualizar os fatos e construir a realidade! ninguém sabe o que se passa e de repente: BUM! um ataque terrorista!

ai!!! será? eu que não tenho nada a ver com isso, no meio deste povo, eu quero morrer numa batucada de bamba, na cadencia do samba..eu hein!

ligamos o radio. o pessoal do radio 'e que ficou contente..fizeram a festa da audiência. o Busha falava em rede nacional tentando tranqüilizar o povo. ele dizia que não era terrorismo. garantia que tudo estava sob controle e que eles iam resolver este problema. Niagara falls.

eu tola, achava que no primeiríssimo mundo essas coisas não aconteciam. alias, outro dia um Homeless, na cidade de Rochester, pedia esmola no sinal. ele segurava um pedaço de papelão onde estava escrito: hungry homeless....

igualzinho no...

a gente acha que essas coisas só acontecem com a gente...

ps: não perca os segundo capitulo das aventuras de Klang Klang no primeiríssimo mundo: road trip to the far west!

quarta-feira, julho 16, 2003

no sobe e desce da montanha russa...

Será que desisto de tudo? Superar limites é muito difícil. Talvez seja um desgaste muito grande... e desnecessário. Não tenho mais nada a dizer. Agora quero ouvir. Será que não disse o suficiente? Não se pode esperar por nada. O que se deve é respeitar os sentimentos. Somos humanos, não é isso? Nem tudo exige uma explicação. Fico tentando encontrar justificativas para este mal-entendido. Essa sensação de incompreensão. Daria tudo para freqüentar certos pensamentos alheios. Será que isso resolveria minha insegurança ou alimentaria meu sofrimento.
Sei que me sinto sozinha, com um desejo enrustido de gritar bem alto que não é nada disso. Que somos o que somos e pronto. E é por isso que eu quero. Respeito o seu jeito. Respeite o meu também.
Porque tenho a impressão de que empaquei. Não consigo avançar nesta relação. Há sempre um roda moinho que me leva para o mesmo ponto. Ou melhor, parece que há regressão. Como uma montanha russa, as vezes no alto, as vezes embaixo. Não há evolução.
Por que?
E sinto que queria dizer mais, ou dizer de outra maneira. Parece que sempre falta alguma coisa. Sabe quando vc fica com aquilo preso na garganta? Aquele sentimento de autocontrole involuntário, mas forte que a naturalidade de ser? É isso que sinto. Como se racionalizasse qualquer atitude e que por isso, as atitudes perdessem intensidade, porque não têm paixão, não são frutos de um desejo natural e sim premeditado. De ser aceitável, agradável, há todo instante.
Que besteira! Logo eu que sou tão isso e tão aquilo. Tenho a sensação de ser nada, vazio. Sem sal, tempero, sabor. Sem sedução nenhuma. Diante deste sentimento eu me rendo. Não sei me colocar e não sei o que fazer. Escolho o silêncio e mais uma vez roda o moinho.

segunda-feira, julho 14, 2003

Eu: Carlota?

Não me chamo Carlota. mas assim seria meu nome se minha mãe não tivesse a lucidez de convencer meu pai a desistir desta loucura.
as vezes penso como seria minha vida se meu nome não fosse o meu nome e sim Carlota.

Aliás, esta linha de pensamento vem me artomentando ultimamente. pois tenho vivo um momento limite da minha vida. não sei se decido pela direita ou esquerda, em cima ou embaixo, pra lá ou pra cá.
o que será se eu decidir pela esquerda? vou perder a direita, isso eu já sei mais confesso que demorei uns 4 anos de análise para realizar esta perda.

mas bancar um escolha é foda. para toda escolha corresponde um preço. os inconsequentes são iludidos.
sempre fui muito livre nas minha escolhas. não estava nem aí. e isto incluia a consequência desta escolha. porque depois que a merda já¡ tava feita, eu tinha que segurar a pose de mulher bem resolvida, que sabe dar a volta por cima. sempre preferi limpar a merda do que não experimentar meus desejos impulsivos. deu no que deu: sou teimosa e insolente.

e agora, uma mulher de 24 anos analisada por Lacan, um doido varrido, acho que sei criar consistência nas minhas decisões. mais o pior é que elas ficaram mais difíceis. fudeu. porque se antes eu não pensava e fazia, agora eu penso pra fazer. e tá demorando muito!

geminiana como eu não tô acostumada com este tempo de ação! porque o mundo é cheio de possibilidades. como eu disse, se eu não escolher a esquerda e preferir a direita, sou daquelas que sabe curtir a vida..e a direita pode se tornar super hiper interessante.
então eu me cobro. pensar, ruminar..ruminar é a palavra dois útimos tempos. que nem as vacas assustadoras de São João de Nepunucema....elas comem capim e digerem capim...o dia inteiro.

eu quero ir mais uma vez. mais uma vez quero fazer as malas e ir de encontro ao desconhecido. acho que tá ficando viciada nisso. adoro não saber o que vou fazer amanhã. minha preocupação passa a ser a curto prazo, vivendo um dia após o outro.... sem muito planejar, averiguar...roteiros...
mais uma vez estou apostando em algo novo. este é o grande dilema. porque eu não consigo traçar um rumo. sempre fico virando as esquinas, tipo gato que se distrai com um passarinho e já pula da janela do 6º andar. durante a queda sente a adrenalina e adora! mas já la embaixo, todo quebrado, pensa: se levantar vai se punk.

uma vez caí e demorei alguns muitos meses para levantar. Como diz a Fulana, minha analista, tempo cronológico só serve pra marcar dentista. esses muitos meses pareciam uma eternidade. todo dia era uma luta pra fazer coisas simples do tipo vestir uma roupa e ir até o boteco mais próximo pra comprar um malboro light maço, claro porque, a cada 10 maços economizamos 1 box! todo a decisão era muito complexa. depressão braba.
realizei todo a minha angustia depois de ver As Horas . Aquela mulher tentando fazer aquele bolo! a outra que não conseguia fazer uma festa. e a Virgínia...perfeita! aquele beijo na irmã, diante da criança. o outro que a mulher do bolo deu na amiga diante do próprio filho....me ajude! só vc, mulher, feminino ao extremo, pode me ajudar. sim, vc me entende. me ajude!

alguém me ajudou. alguém a quem eu deu este beijo de entrega. afeto.

e da merda mais uma vez eu ressurgi. confiante, bonita, poderosa. até quando isso dura?
subo mais um patamar e logo está o próximo degrau (acho que respondi a minha pergunta). uma escada contínua com patamares largos e muito degraus. lá no final a visto uma porta.
sempre subindo porque mesmo quando caí­mos aprendemos a subir com mais força. cada patamar, um desejo realizado. quando alcançamos algum já queremos outro e é por isso que estamos sempre subindo.

e a porta?
será a morte?
acho que sim. ela é a nossa única certeza. acho que demorei muito pra digerir isto também. a nossa única certeza na vida é a morte.
viver é desejar profundo.