terça-feira, agosto 26, 2003

Far west

capítulo 2: road trip to the far west!

Partimos sexta passada de Brockport e depois de algumas horas chegamos em Toledo. Dormimos naqueles motéis de beira de estrada americana e dividimos uma cama xexelenta tamanho king size.
no dia seguinte partimos novamente em direção a Chicago.

Chicago é uma cidade interessantíssima, pelo menos no verão. Nos hospedamos na casa de uma amigo, um DJ muito gente boa. O apartamento ficava perto de um dos greats lakes e por isso aproveitamos para ir à praia. isso mesmo, meu sonho de praia: areia porém água doce.

Descobri que o americano é muiiiiiito farofeiro! isopor, barraquinhas, crianças...barulho...nossa! parecia o piscinão de ramos. sem preconceitos claro, mais isso foi engraçado.
a noite saímos para jantar num restaurante tailandês...quando começou minha noite surreal.....

depois do jantar fomos tomar um drink num bar. pois bem, ironias a parte, o bar era de estilo árabe. arabão mesmo. com direito a Narguila (a 15 dólares, caros amigos!) musica árabe ao vivo e mais: uma dançarina!

uma dançarina que de árabe não tinha nada..mais parecia a Pamela Anderson de tão loura que era. E os peitos..meu deus! os peitos era superhipermegas! o bar estava lotado. interessante....essa coisa do americano de tornar qualquer coisa comercial. tipo taco bell... fast food mexicana. tudo pode ser produzido e consumido.

Depois do bar continuamos nossa noite penetrando numa festa de nativos. yeah, chicagoenses. a festa tinha gente de todos os gostos, tipos e nacionalidades. explorando o apartamento, que era bem charmoso, naqueles prédios que a escada fica do lado de fora, chego ate a cozinha e involuntariamente digo: hola! um negão rasta se vira e começa a falar espanhol comigo. quando pergunta de onde sou digo Brasil e ele feliz começa a falar em português. o cara era do Zimbaue. falava português porque tinha amigos em Angola. ficamos conversando um bom tempo e eu fiquei ruminando a idéia de estar de penetra numa festa que eu não tenho a mínima idéia de quem seja o anfitrião e encontrar um africano que fala 7 idiomas, um deles português, e ficar super feliz de poder falar a minha língua, mesmo que em outro sotaque, de bem longe por sinal, depois de 3 semanas pensando somente inglês!

no dia seguinte..continuamos nossa road trip com destino à uma cidadezinha no interior do estado de Missouri. depois de horas de paisagem plana com milhas e milhas de plantação de milho, nos hospedamos na casa de familiares dos meus guias. típica classe media americana habitante de um estado tipo Piauí. eles foram super atenciosos comigo, ficaram meio assustados com a menina brasileira presente na sala. estavam indignados com a temperatura, 100 F durante o dia! acho que são uns 35 graus celsos... reparei que em todos os estados, cidades e vilarejos existe uma equipada e consistente mídia de nível local. eles tem muitas rádios comunitárias, muitas TV locais, jornal local. o que eu acho super interessante e ao mesmo tempo preocupante. talvez seja por isso que estes missourenses não sabiam que o Brasil ficava na América do sul..

estou experimentando de tudo. uma vida no interior do estado de NY, depois uma road trip rumo ao oeste com direito a paradas que contribuem para a desconstrução desta imagem americanoide que eu tinha sem antes ter pisado nesta terra. estou observando a classe media americana. é ela que alimente a grande máquina. 

A grande maquina que torna este pais invejavelmente rico. porque se existe uma grande fatia de classe media, existe uma grande massa de contribuintes. são eles que consomem aos montes, são eles próprios que possibilitam a existência de financiamento universitário, o que significa educação. pessoas bem formadas conseguem subir mais a escada de classes sociais, ganham mais, consomem mais. aí está a máquina.

esta maquina não existe no Brasil porque simplesmente não existe classe media no Brasil. pobre não paga imposto e rico sonega.

enfim,

as vezes eu admiro os americanos, as vezes tenho raiva por serem tão egocêntricos, as vezes me sinto um peixe fora d’água. enfim, sentimentos mistos. sinto que toda a minha imagem americanoide esta sendo desconstruída. todos aqueles conceitos bobos juvenis anti imperialistas, versos minhas verdades helenísticas versos o egoísmo americano, versos a autenticidade brasileira, versos nossa musica...tudo num grande liqüidificador. não sei em que vai dar esta gororoba...


chegamos em nosso destino, Denver, no Estado do Colorado. Estou na Universidade de Denver, aquelas universidades com gramados na frente e prédios com estrutura solida que parecem transmitir consistência. daqui vamos para as montanhas....e este será o próximo capitulo!