quarta-feira, janeiro 07, 2004

Existindo

Neste fim de semana a porta da verdade se abriu. Um grande mestre da Cabala veio promover um workshop sobre o misticismo judaico.
Numa certa noite o mestre tocou o seu tambor e pediu a todos que fizessem perguntas. poderia ser qualquer coisa, dúvida, questão.

Eu acredito que Deus existe simplesmente para me fazer saber que eu não sei de tudo. que eu nunca terei todas as respostas.
Se Deus é tudo e eu também sou Deus,
eu nunca saberei de tudo,
eu nunca saberei tudo sobre mim.
O dia que eu souber será o dia de minha morte.
Isso significa que eu não preciso sentir a angústia e a dor por não saber e gastar fortunas com horas e horas de terapia semanal!
o não saber é que garante minha existência.

Não saber de tudo então é que me faz estar viva?

Um dia um Rabino falou para seu discípulo: você deve viver como se fosse o dia anterior a sua morte.
Então o discípulo perguntou: Mas eu não sei o dia que eu vou morrer.
O Rabino disse: Exatamente!


You have to put yourself in the middle.
to put yourself in the middle you have to go from one extreme to another.
you have to go to the darkness to find the light.

Assim foi este ano, indo de um extremo para o outro. Em fevereiro estava no México pensado jornalismo autêntico dentro do contexto latino americano...investigando o dedo podre americano na realidade latina. Fui a Cuba, para mim um símbolo de extremo. A resistência pura e crua ao imperialismo sujo americano, o último pilar, mesmo que cambaleando, contra a globalização. Eu fui lá, eu vi tudo lá, eu senti tudo lá....

Agora estou aqui, do outro lado, nos Estados Unidos. Estou digerindo isso aos poucos. O que sei é que, ao contrário de todas as viagens que eu fiz onde parece que estou em outra dimensão, onde não tenho muitas preocupações e tal, minha viagem aos Estados Unidos foi muito real. REAL. Aqui não tive romantismos e ilusões. Enfrentei o a vida real, sem maquiagens, perfume ou sei lá o que.

quinta-feira, janeiro 01, 2004

Revira e volta

31 de dezembro de 2003
são 9:30 da noite.
Estou numa casa enorme construída por volta de 1800. Vários cômodos, vários quartos, muitos e muitos quadros, obras de arte e mil vezes mais livros. eles estão por toda a parte.
passei a tarde escrevendo poemas em pedaços de papel que colocamos dentro de velhos pés de meia, de crianças, e penduramos num grande varal. cada pessoa escolhera uma meia e guardara seu poema como uma mensagem para o ano que chega.
daqui a algumas horas.
pensar no ano que passou e pensar em muitas viagens, aventuras, lugares, pessoas, culturas e junto com tudo isso, muitas expectativas.
eu esperei que tudo fosse blue
azul e limpo como o céu, sem nenhuma nuvem, nenhum trovão.
me enganei
ano existe céu claro sem tempestade
felicidade sem tristeza
amor sem desilusão

que este ano seja colher os frutos de tanta aprendizagem
tanto amor e tanta dor