segunda-feira, abril 25, 2005

Meu Casco

Diante do meu computador, da minha mesa instalada no meu quarto de artes, na minha casa eu me pergunto: quantas voltas eu dei para chegar onde cheguei? quantos caminhos, estradas, aeroportos, países.. quantos lugares eu visitei para conquistar este aqui?

Rua leite leal...

Quem diria que depois de tantos obstáculos eu cheguei até aqui?

Com quantas pessoas eu conversei, quantos personagens eu conheci pelo mundo para saber definir o meu mundo? Sempre me perguntei o que iria fazer com esse conhecimento que vem do andar por aí, experimentar mundos, comidas, culturas..

Durante anos e anos achei que a minha casa era meu casco. como a tartaruga que carrega sua própria moradia carreguei minha mochila e vaguei pelo mundo. literalmente. Morei em todos os lugares que visitei. Israel, India, Tailandia, Bolivia, Cuba, México, Guatemala... Nova York.

Para voltar ao ponto de partida: o bairro das laranjeiras, onde nasci.

A vida é tão irônica...

Nunca quis mais do que poderia carregar na mochila. a estabilidade sempre foi um peso para mim. Hoje acho que tinha medo de mim mesma. não tinha compromissos com ninguém, muito mesmo comigo.

Como eu era medrosa.

eu era apenas uma criança adiando a vida adulta. não queria me deparar com a falta de glamour da vida. minhas viagens eram cheias de sonhos.

hoje vivo com o pé no chão. tenho contas, salário, dívidas a pagar! as vezes não me reconheço... virei gente trabalhadora que lê o jornal e fica frustada com os juros altos do país.

me sinto uma pessoa agir
não me sinto uma pessoa sentir

meus problema são muito concretos no momento...
quando eu estrear minha banheira acho que vou chorar.