terça-feira, dezembro 30, 2003

O Fim

As ultimas palavras que ele me disse ficam circulando em meu pensamento e de lá correm o meu corpo me deixando toda contraída. não consigo esquecer aquelas palavras. tudo que eu pensei que fosse verdade, tudo que pensei que tínhamos construído se desmoronou num único instante, em poucas palavras, silabas, letras..em menos de um minuto.

A minha dor e daquelas que ficam como um zumbido no ouvido e que de repente faz aquela lagrima incontrolável correr meu rosto em silencio.

Eu não tinha outra sadia. a hipocrisia seria a pior maneira de continuar aquela situação. viver de pequenos alívios, pequenas ilusões de felicidade.

Mas eu tenho mais forca hoje. sou mais eu. não queria mais um fantasma rondado minha vida, me enchendo de expectativas. não queria aquela esperança tola de que algum dia ele iria bater a minha porta e me dar aquele abraço confortante.

Desta vez eu não quis ir ate a ultima ponta. Meu limite foi o ponto onde minha dignidade ainda poderia ser preservada. dali em diante eu só iria me machucar ainda mais com os carinhos que ele não me da, com o amor que ele não demonstra por simplesmente não sentir. dali em diante eu só iria me sentir mais vazia a cada manha ao despertar depois de um sexo sem sentimento.

foi melhor assim.
assim eu não deixo meu coração secar de tanto se machucar. assim eu ainda posso acreditar.

segunda-feira, dezembro 29, 2003

Cruel truth

I prefer to live because I still love you
I think this is the best opcion
Why?
Cause I can't love you when I can't love who I am
I don't know what I'm doing right now
So I can't love anyone else...

segunda-feira, dezembro 22, 2003

Viva a sociedade alternativa

Interessante a situação que eu estou vivendo no momento morando numa comunidade alternativa em plena terra do tio Sam.. olha como são as coisas..logo nos Estados Unidos eu fui encontrar um lugar desses. Outro dia eu estava trabalhando na cozinha comunitária e me veio a cabeça como seria uma idéia muito interessante para o desenvolvimento do interior do Brasil.
Tudo cresce em terras brasileiras, tudo. Somos tão férteis, tão vivos. Por que tanta pobreza? O.k., tem a história de concentração de renda e tal. Mas eu acho que no fundo o brasileiro não sabe é se organizar. Talvez nós sejamos muito criativos mais criatividade não é só ter boas idéias, é tb saber viabilizá-las.
O americano é bom nisso pra caramba, ele sabe ganhar dinheiro. Rowe Conference Center significa um grupo de pessoas com pensamento comunitário que resolveu viver junto e ganhar dinheiro junto. A comunidade está situada nas montanhas de Massashusetts, um lugar de natureza exuberante. Existem habitações para os que moram aqui e existem quartos de hospedes para os que visitam o local durante as conferências que são realizadas no centro de convenções criado no campus da comunidade. Ou seja, a renda das conferências sustenta a comunidade. São workshops sobre artes e filosofia. Existe um grupo de voluntários (eu sou um deles) que participa da vida comunitária por um tempo e ajuda na manutenção do centro. Em troca, ganha a oportunidade de participar gratuitamente de todas as conferências que aqui são realizadas.
O nome desta história se chama "Intencional Comunnity". Ao todo são mais de 100 na região de New England. Cada uma com o seu jeito de fazer dinheiro. Pode ser um bonito hotel, agricultura, cursos de culinária, yoga, artes..
Eu traduziria para Comunidades Vocacionais. Um grupo de pessoas com vocação para arte ou o que seja, decide viver em comunidade e reunir forças para, em conjunto, se auto-sustentar.
Não seria uma boa idéia para o desenvolvimento do interior do brasil? Pescadores, agricultores, carpinteiros, rendadeiras...gente que tem algo em comum. Assim este povo reuniria competências para enfrentar o grande mercado. Para que ir para a cidade grande em busca de um trabalho que lhes tira a dignidade e viver empilhado numa favela?
Eu acho que seria uma boa alternativa...

quinta-feira, dezembro 18, 2003

O Batuque do Bronx

Este fim de semana foi sensacional. Ubaka veio do Bronx promover um workshop sobre percussão. Um grupo de mais de 30 pessoas veio atrás carregando seus respectivos tambores. A afro americana transmitiu seus conhecimentos sobre a arte da batucada e eu me senti em casa. suei em plena tempestade de neve. foi ótimo!

Despedidas

mais um grupo de amigos indo embora...fizemos uma despedida super legal. existe uma tradição aqui em Rowe: toda vez que alguém vai embora separamos um tempinho para apreciá-las. eu as aprecio muito.
Tim e Tina formam o casal mais afetuoso que eu conheci nos Estados Unidos. enquanto os outros estão receosos em demonstrar afeição em público, Tim e Tina compartilham com todos a sua volta o amor que sentem entre si. Ele toca violão para ela e ela canta para ele. os dois formam uma dupla linda, vibrante e cheia de luz. Margareth é um amor de pessoa. nos seus mais de trinta anos, ela tem as dúvidas que nós, na casa dos vinte, ainda temos. porém Margareth não tem aquela ansiedade toda...serena..serena..ela é super compreensiva. papo ótimo. Eva tem aquele senso de humor nova yorquino. sarcástica! cursou filosofia mas não se deixou dominar pela seriedade. é super espontânea e pra cima.
eles formam o grupo de jovens que eu mais me senti conectada aqui na terra do tio sam. talvez pela simplicidade, talvez pela humildade. gente do bem com quem eu finalmente troquei muito.

depois de viajar tanto eu já sei prever o futuro das relações que criei nas minhas caminhadas..já sinto saudades daqueles que nunca mais verei.

sábado, dezembro 06, 2003

eu quero escrever tanto. parece que agora que alcancei meu maior obstáculo, minha ferramenta, eu não consigo fazer com que meu pensamento se transforme em palavras. preciso encontrar um ponto de partida. eu cheguei tão longe comprando este lap top que nunca conseguiria comprar no Brasil. acho que precisaria de anos e anos de trabalho duro para conseguir pagar minhas contas, me divertir e ainda juntar dinheiro suficiente para comprar.
depois de tanta expectativa e ralação eu comprei o tão desejando computador. até me senti mal de desejar tão profundamente um bem material. um objeto. mas é que, na verdade, este materialismo alcançaria algo muito importante.

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Rowe Conference Center



No pacote Rowe veio muita coisa boa..comida saudável, natureza impressionante, lugar aconchegante, pessoas interessantes, experiência profissional, pessoal...mais obviamente alguma coisa tinha que ser lado B.

eu sabia que esta coisa de viver em comunidade é muito bacana, desperta uma curiosidade. Eu que já morei neste esquema em Kibutz e lá na Ilha da gigóia sei muito bem que não é tão paz e amor assim. rola muito atrito porque simplesmente a gente vê mais a cara do outro.
mais o lance aqui não é nem esse. eu simplesmente desligo quando não quero interagir e não me sinto nem um pouco encucada com isso. desligo o áudio e fico no mute total. ainda mais porque falo inglês constantemente e isso as vezes cansa. eu sei ficar comigo enquanto estou com outras pessoas. acho que adquiri isso depois de tanto viajar especialmente quando viajo só e interajo muito com gente momentânea.
o lance é que americano se amarra numa terapia de grupo. eu já saquei qual é: quando vc fala, coloca para fora, coisas que te afligem no momento, problemas que te deixam deprimido e tal, aquilo se torna menor. parece que dá um alívio. e alivia mesmo...essa coisa de grupo simplesmente ajuda porque vc minimiza seus problemas expressando-os para outras pessoas. vc relativiza seu problema ao realizar que as outras pessoas tb têm problemas...
mais isso na verdade não resolve problema nenhum! por mais que vc sinta um alívio, o problema ainda esta aí. guardadinho. falar dele com outras pessoas não significa resolve-lo. na verdade vc só fica aporrinhando os outros com coisas que deveriam ser de ordem pessoal! e todo mundo olha pra cara da pessoa e diz: oh...I'm sorry..I'm really sorry.
Haja paciência pra isso!

quarta-feira, dezembro 03, 2003

A Neve e a Jacusi

Numa outra dimensão...Rowe

Eu tinha certeza que iria voltar. certeza. quando vim aqui para assistir a conferência do Giordando eu saquei logo que voltaria. uma comunidade onde moram em média 20 pessoas, nas montanhas do Estado de Massashusetts. uma fazenda com a mesma estrutura de um kibutz: existem tarefas a serem cumpridas por todos aqueles que moram na comunidade. isto significa trabalhar na grande cozinha, na organização e limpeza e no office. o office é responsável pelo ganha pão de todos aqui. este lugar vive de organizar e hospedar conferências normalmente relacionados `a arte, música, filosofia e comida...comida aqui é tudo. tudo é orgânico, muitos são sérios vegetarianos (eu não cai nessa não!). o lugar é super aconchegante e instiga a criatividade. eu fiquei encantada com o Art Room! um galpão enorme cheio de objetos, ferramentas..tudo que se possa imaginar para pintar, esculpir, fazer brincos, colares, colagem...sensacional. descobri tb o basement do dinner room. lá tem todos os acessórios para um office torto.. uma mesa de madeira enorme onde tem cabos para conectar internet. decretei meu.


ontem foi um dia tão bom...
Passamos a tarde decorando o living room para a despedida de umas das família. eles seguem rumo ao Colorado. é interessante o fato de eu já ter ido até lá, atravessado o país. eu conheci muitas coisas nesta terra. ontem eu estava ajudando a decorar o espaço, ativando minha criatividade e fiquei muito impressionada com as coisas que posso inventar. o interessante é que eu não tinha a mínima idéia de quem eram as pessoas que iriam partir. eu fiquei muito intrigada ao perceber que estava dando de mim para gente que eu nem conhecia e fiquei feliz ao sacar que eles é que estavam me dando pois esta despedida foi como um pretexto para eu sentar e criar coisas lindas. o living room ficou lindo, lindo mesmo. quando eu entrei depois de algumas horas, as luzes estavam todas acesas e toda a decoração reluzia. quando a família entrou na sala cada um segurava um instrumento e começamos a tocar..tocar..foi muito bacana.

choque térmico

no meio da festa fui convocada a ir para a jacusi. fiquei meio sem jeito porque eu não estava sacando como isso iria acontecer e meu receio foi confirmado. ao chegar lá percebi que a jacusi ficava ao ar livre! o frio aqui é terrível! a atmosfera é branca branca..tudo é neve. todos tiraram a roupa e nus começaram a entrar na água quente. eu fiquei meio sem jeito... e só de olhar a neve em volta me veio um pânico: vou tirar a minha roupa toda e cair nesta jacusi ao ar livre! parecia muita maluquice! mas eu fui...e não me arrependi. lá estava eu, nua, dentro de uma grande banheira de água pelando bebendo vinho e me divertindo com as pessoas mais inesperadas.

Rowe é muito único..eu nunca ouvi falar de um lugar assim.

terça-feira, dezembro 02, 2003

Dias Prateados

Branquinha branquinha. A neve é uma gracinha. Foi a primeira vez que vi a neve. Estamos em Rochester, próximo ao Canadá.

Vida Muderna


Qual é a primeira palavra?

A primeira palavra depois de um longo tempo de expectativas. Tem que ser uma palavra que sintetize num só respiro todas as sensações que experimentei nesta jornada.

Eu na verdade queria escrever sobre as tantas coisas que vejo e sinto. Tento começar mas a impressão que tenho é que toda palavra se torna superficial quando impressa na tela. Parece que toda e nenhuma palavra não consegue expressar minha satisfação de conseguir chegar aonde cheguei. Na verdade eu não cheguei em lugar nenhum eu simplesmente alcancei mais um patamar e logo vou desejar mais e mais e todo este querer e toda esta busca, este esforço, vai virar passado.

Ele disse: comece escrevendo a verdade.

Eu não sei se vou conseguir.
Não sei.
O que sei é que eu vou tentar.


Abro meu querido lap top já no trem. Obviamente sai correndo pelas ruas do Village atras de um taxi. Um ser humano me perguntou qual era meu destino. Aliviado, entrou no meu taxi e juntos seguimos para a Pen Station.

O trem esta lotado!