terça-feira, setembro 28, 2004

Um Sonho

meu mais novo filme favorito! do meu querido diretor preferido Bernardo Bertolucci!!!

The Dreamers


I SOGNATORI/THE DREAMERS
Itália/França/Estados Unidos, 2003

sinopse: Paris, 1968. Sozinhos em seu apartamento enquanto os pais viajam, os irmãos Isabelle e Theo convidam um jovem estudante americano para passar um tempo com eles. Matthew, que está fazendo intercâmbio estudantil na França, divide com os irmãos a paixão pelo cinema. Eles se conheceram na cinemateca, onde passavam tardes e noites assistindo a filmes. Os três se trancam no apartamento e dão início a uma aventura de autoconhecimento e de exercício do desejo, enquanto lá fora eclodem os protestos estudantis de maio de 68. Selecionado para o Festival de Veneza de 2003, fora de competição.

Direção/Direction: BERNARDO BERTOLUCCI
Roteiro/Screenplay: GILBERT ADAIR
Produção/Production: JEREMY THOMAS
Fotografia/Photography: FABIO CIANCHETTI
Montagem/Editing: JACOPO QUADRI
Elenco/Cast: MICHAEL PITT,EVA GREEN,LOUIS GARREL,ANNA CHANCELLOR,ROBIN RENUCCI

Cor/Color 35mm 130min

Muito maravilhoso! tudo! como em todos os filmes dele, a direção de arte é um primor. tudo parece mágico e belo. as roupas, o cenário, fotografia. tudo parece uma pintura. os personagens são sedutores, lógico que a mulher é linda, mas as mulheres de Bertolucci, mais do que bonitas, são charmosas. A Isabelle é charmosérrima, irmã gêmea de Theo. ambos seduzem um carinha americano que estava fazendo intercâmbio cultural em Paris de 1968. o americano acaba ficando na casa deles por 1 mês e neste tempo eles criam uma relação viciante. ficam em casa, uma casa sensacional por sinal, estilo antigona, conversando, ouvindo música, e tomando banho de banheira..os três numa banheira! numa das cenas o rosto dos três se reflete no espelho...



eles têm esta brincadeira de ficar perguntando que filme é esse? que é isso? e quem não souber paga uma prenda. Theo pergunta para eles sobre algum filme e por não saberem a responta theo exige uma prenda: que Isa transe com Mathew. ele se desepera mas acaba aceitando e descobre que Isa, apesar da relação incestuosa que mantem com o irmão, é virgem. a cena é linda demais.



Mas, existe um contraste na percepcão de mundo do americano e dos dois que são franceses. enquanto os gêmeos têm uma idéia romantizada de revolução, o americano é mais pé no chão. ele reconhece que o real é mais duro que a imaginação, onde nossos ideais são mais possíveis. Theo prefere se alienar do mundo para manter suas ideias comunistas e revolucionárias cristalizadas enquanto Mathew exerga a realidade e relativiza. mas ele tb é romântico, acredita que o amor é mais eficiente que a revolucão.

isso me tocou muito porque existe este dilema dentro de mim. até que ponto a consciência do real limita nossas atitudes. isso me lembra até code 46 quando ela fala: vc mudaria suas atitudes se soubesse de antemão as consequências que elas causariam?

vale a pena se entregar por um ideal mesmo sabendo o preço alto que se tem que pagar por isso? é melhor ir aos pouquinhos usando a teoria de que tudo tem o lado bom e o lado ruim? isso não dilui demais a nós mesmos? não torna tudo muito relativo e chato?

mas se entregar a aquilo que se acredita e levantar bandeiras não é fechar os olhos para o outro lado da moeda? tomar partido de uma causa demanda cegueira? ser cego de um olho para não ver o outro lado e assim resguardar energia para investir naquilo que se acredita....talvez seja esse o papel social dos revolucionários: carregar suas verdades absolutas e irredutíveis.

se Theo e Isabel não fossem alienados e não idealizasse a entrega, a revolução, não teriam enfrentado a polícia e ido para frente da passeata? talvez se não fossem assim, saberiam que iriam pagar um preço muito alto, talvez a própria vida. talvez teriam bastante lucidez, o suficiente para não fazer o que acreditaram ser importante a ser feito.

Mathew era mais lúcido que eles e não quis se jogar. viveu, mas será que foi feliz? é melhor ser intensamente feliz por 1 minuto ou ser mais ou menos feliz por 1 hora?



BERNARDO BERTOLUCCI

Nasceu em Parma, na Itália, em 1940. Aos 21 anos, foi assistente de Pier Paolo Pasolini em Desajuste social. No ano seguinte estreou como diretor com La commare seca, selecionado para o Festival de Veneza. Desenvolveu sólida carreira tanto na Itália como no exterior. Entre seus filmes mais conhecidos e premiados estão O conformista (1970), O último tango em Paris (1972), O último imperador (1987, vencedor de nove Oscar, incluindo melhor diretor), e O céu que nos protege (1990).

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